Bezerra de Menezes
Natural da província do Ceará, nasce no Riacho do Sangue, em 29 de agosto de 1831. Filho do capitão de antigas milícias e tenente-coronel da Guarda Nacional, Antonio Bezerra de Menezes, e de Fabiana de Jesus Maria Cavalcanti de Albuquerque.
Bem cedo revelou sua fulgurante inteligência, pois aos onze anos de idade iniciara o curso de Humanidades.
Animado do propósito de orientar-se pelo caráter íntegro de seu pai, com vinte anos de idade, Bezerra de Menezes tendo o bolso vazio pelo desastre financeiro sofrido por seu pai, veio para o Rio de Janeiro em 1851, a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: A Medicina.
Não dispondo de recursos, ministrava aulas a outros jovens, para custear os estudos, enquanto reconhecia o inconveniente de se instalar em qualquer das chamadas "repúblicas de estudantes", onde se vivia mais barato, mas onde ocorriam situações incompatíveis com a sua têmpera moral, isenta de comportamentos irrefletidos ou de atitudes menos dignas. Concluído o curso de medicina, em 1856, dedicou-se às atividades cirúrgicas no Hospital da Santa Casa da Misericórdia, para onde entrou, como interno, em 1852. Logrou a estima e a consideração do sábio professor de clínica cirúrgica, o conselheiro Dr. Manuel Feliciano Pereira de Carvalho. Tendo o governo imperial reformado o Corpo de Saúde do Exército, o professor Feliciano de Carvalho foi nomeado cirurgião-mor e levou Bezerra de Menezes para integrar o quadro de médicos-operadores do Exército brasileiro, com honras militares, no posto de cirurgião-tenente.
Bezerra de Menezes, contudo, não permaneceu por muito tempo no Exército, porque, convocado por amigos e admiradores da freguesia de São Cristóvão, onde residia e clinicava, ingressou nas lides políticas, começando em 1860 como vereador, chegando em 1867 a deputado; em 1878 a líder do Partido Liberal e, por último, de 1878 a 1880, a presidente da Câmara Municipal.
Quando político, levantou-se contra ele, uma Torrente de injúrias. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Era chamado por todos, “O Médico dos Pobres”.
Corria sempre ao turgúrio do pobre, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio da sua balsa minguada e generosa.
O Dr. Calos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de “O Livro dos Espíritos”. Levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, que havia retornado à política. No dia 16 de agosto de 1886, cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade ouviram em silêncio, emocionadas, atônitas, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamara a sua decidida conversão ao Espiritismo. Bezerra era um religioso no mais elevado sentido. Demonstrava a sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: “A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação”, “Breves considerações sobre as secas do Norte”, “A Casa Assombrada”, “A Loucura sob Novo Prisma”, “A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica”, “Casamento e Mortalha”, “Pérola Negra”, “Lázaro – o Leproso”, “História de um Sonho”, “Evangelho do Futuro”. Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de “A Reforma”, órgão liberal da Corte, e redator do jornal “Sentinela da Liberdade”.
Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: “Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida”.
Em 1894, o ambiente mostrou tendências para melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até a sua desencarnação.
Bezerra de Menezes encerrou suas atividades terrestres em 11 de abril de 1900 . Não cessaram, entretanto suas atividades evangélicas, uma vez que na pátria universal ele nos continua amando e servindo:
- recomendando, com insistência, a união dos adeptos da Doutrina, todos subordinados ao regime federativo;
- estimulando o fortalecimento de obras assistenciais, pela contribuição generosa de alimentos, remédios e agasalhos, num trabalho de solidariedade humana;
- concitando os espíritas ao estudo metódico da Doutrina e do Evangelho, não só no recinto das sociedades organizadas, como também em grupamentos familiares;
- assistindo enfermos, esforçando-se por ampará-los com amoroso receituário e valiosa orientação, utilizando-se de médiuns evangelizados;
- orientando, na qualidade de patrono, centenas de sociedades espíritas que se espalham pelo Brasil e pelo mundo, ostentando seu amorável nome;
- auxiliando os divulgadores da Doutrina e do Evangelho; os médiuns devotados a Jesus, para que a palavra proferida seja luz e, através do lápis, seja consolação.
Fontes:
1. GODOY, Paulo Alves - Grandes Vultos do Espiritismo. Federação Espírita do Estado de São Paulo.
2. Site Centro Espírita Bezerra de Menezes (bezerramenezes.org.br).
3. Site Grupo da Fraternidade Irmão Wernner (gfiwernner.wordpress.com).
4. Site Grupo Espírita Paulo e Estêvão (gepe.org.br).
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